TAPERA

Silhueta negra,

na verde planície,

apareceu na minha frente,

como sombra doente,

testemunha da intempérie,

uma triste tapera.

Quanta tristeza senti

ao contemplar os despojos,

outrora cheios de vida,

onde uma criança dormida

agasalhada entre ponchos

do passado, percebi.

Mas era só ilusão,

tal qual aquelas vozes,

aquelas risadas

daquelas mulheres amadas

por aqueles gaúchos audazes

que tiveram a missão.

Velha tapera esquecida,

já não cheiras a roupa limpa,

a chimarrão, a mulher,

não voltarás a reviver,

pequeno oásis do pampa.

E nele continuarás...

Sem vida.

Setembro, 24, 1985.

Porto Alegre.

Gabriel Solís
Enviado por Gabriel Solís em 19/08/2005
Reeditado em 20/08/2009
Código do texto: T43637
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