Minas já foi mar

Assim como o Sertão,

Minas já foi mar

Antes das mulas carregadas dos tropeiros,

das Igrejas Barrocas,

do contraste entre pobreza e riqueza,

ou da intimidade entre doença e miséria

Minas, pedacinho de oceano

Foste quadradas águas perdidas

Sem fim, nem começo

Antes dos jantares requintados,

regados a conchavos políticos brindados

Num tempo sem mãos calejadas,

sem ouro verde dominando paisagem

Antes da bandeira escrita em latim,

antes do horizonte belo,

antes dos traços da cabocla

ou clubes, esquinas e serenatas

Minas, labirinto de corais,

nos seus múltiplos cantos e sotaques

Antes da insana busca pelo ouro,

dos Emboabas, do Café com Leite,

do frango caipira ou do Diabo de Guimarães

Antes da viola, dos bandoleiros,

das beatas, putas, mexeriqueiras e neo-coronéis

Minas estava escondida, submersa

Antes dos corpos fatigados na senzala,

do apito do trem, do cheiro de pão de queijo,

da publicidade enganosa do governo,

ou da falsa liberdade de expressão

Cabreiro mar mineiro,

esquecido no suspiro do marulho,

já conspirava poemas eternizados

Baco Trôpi Renton
Enviado por Baco Trôpi Renton em 25/07/2013
Reeditado em 17/10/2019
Código do texto: T4403292
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