Caatinga Amarela

A caatinga rala a céu aberto

O sol tine a pino

A terra áspera crepita

Os urubus disputam a pútrida carnificina.

As pedras duras, surdas, mudas e agudas

Os mandacarus disformes, ferozes e atrozes

Lutam num embate de facas e espingardas

Se metamorfoseiam em caboclos

Do faroeste encantado.

Na terra seca as duras saraivas saltam

Saltam pedras, pedrisco, pedrugulhos e pedradas

Como chuva nas telhas

Que das bicas no chão caem.

A terra se abre em fendas

ganha vida, ela sente e se mexe como bicho

E cada vez mais se abre

Sua grande boca aflita

Implora pelo desejado líquido

Amarelos lírios nordestinos,

Amarelos olhos e sorrisos,

Amarelo a seca várzea, a roça, o sol

as campinas e os girassóis.

Amarelo a vida seca e Nordestina,

De gente “exangue”, de pura rubra raça

Da sangrenta piçarra,

Vê-se o rio virar o mar vermelho

Não vês a cor do céu?

Azul sem falhar

Nem nuvens, nem árvores

Que possam aos miseráveis sombrear.

Tu não vês a capoeira?

Que de tão triste e desolada

Já não chora esta terra seca,

Porque de lágrimas já não se vale.

- O violeiro sôfrego - tem suspiros no coração;

Os pés na terra seca à sonhar com a fértil plantação.

Os olhos fitos no mar

Quando longe do seu sertão se põe a chorar…

E com a rabeca nas mãos,

Cantilenas tristes e saudosas saem de seu coração

Pois vivo acostumado à seca

E não a este estranho marulhar

Que tende ao meu sertão

Com essa saudade e tristeza transbordar,

Ah faz este sertão virar mar, quando eu voltar pra lá...

Camila Arruda
Enviado por Camila Arruda em 03/02/2014
Reeditado em 03/02/2014
Código do texto: T4676251
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.