TAPERA

Entre nuvens de luar, no alto do morro,

Já encoberta de heras, há uma tapera

Na saudade soluçando por socorro

Seu corpo estala no calor e frio da espera.

Uma trilha tênue, mal divisa

Sobe pelo morro, bate à porta

Corta um jardim de madressilvas

Jazem flores secas, vida morta.

O vento adentra como amante

Pelas portas sempre abertas

Ilusionando sons, movimentos dantes

Como se não fora já deserta.

Na espera da tapera

O tempo com ela se alia

Mudam-se as estações da era

Tempo e tapera, esperam novo dia.

Na força da luz do dia

Fende-se toda ao sol e seu calor,

Na solidão da noite busca alegria

Nos raios de luar, ilusão de amor.

Tapera e tempo em espera

Delongam num abraço eterno

Embalados à música sincera

Dos grilos ao coro dos pirilampos.