Sou dura? sou.

Sou dura? sou.

Sou dura na cadência deste mar

que me arrebenta!

e se arrebentando em mim qual maremoto

me faz ser sua rocha e sua poesia...

Fui construída por galhos de aroeira

delimitada com cercas de avelóz

a jurema me deu norte e açoite

sou filha do vento frio da noite

Sou dura? sou.

Sou trançada com tranças da ingazeira

em meu sangue corre um são Francisco!

tenho flores de cactos em meus abismos

e do sol, sou irmã de alma...

Sou dura? sou.

Mantenho-me verde apesar da seca

na minha alma tem um juazeiro...

meus braços abraçam como um cajueiro

adoço travando no final

(se não amadureço á tempo)

Sou dura? sou!

não lamento..

pertenço a família da imburana

não se iludam com as pétalas rosas...!

tenho uma alma que resseca

que molda-se

que entorta!

mas não morre.

Sou dura? sou.

E isso importa!

Com isso aprendi o lilás da vida

o mar que me molha é irreverente

fantasia sentada na minha frente

na infância que em fantasia me tornou...

Sal do meu sal

nada fugaz.

Sou como o coqueiro solitário

que da areia suga o sumo

doou a água doce ao mundo!

de meus dias, sou futuro...

num balé silencioso ou mudo.

Sou neta do sertão de meus ais

no mais, sou poesia e encantamento

Sou dura sim, em certos momentos

pois foi caindo que aprendi...

as brincadeiras dos ventos!

"Alguém me ensinou que

quem segura o manche de um veleiro

é mar também..."

Márcia Poesia de Sá...

Márcia Poesia de Sá
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 06/12/2014
Código do texto: T5060304
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