CANTO AO SERTÃO
CANTO AO SERTÃO
(Uma paráfrase à poesia de Gonçalves Dias)
Meu sertão não tem palmeiras
Para o sabiá cantar
Mas, tem árvores caatingueiras
E outras aves cantadeiras
Tem também o sabiá.
Sob a lua e as estrelas
O repique da viola
A se ouvir pelas ribeiras
Morenas lindas, faceiras
Que cantam, dançam e rebolam.
A noite eu aqui sozinho
Fico lembrando de lá
Meu sofreu, meu canarinho,
Meu craúna bem pretinho
Também do meu sabiá
Meu sertão não tem pinheiros
Quase também não tem cá
Mas, tem lá o juazeiro,
Sempre verde e hospitaleiro
Onde canta o sabiá
Peço a Deus muito viver
Porque não quero morrer
Sem ao meu sertão voltar
Sem poder ainda um dia
Escutar a melodia
Do saudoso sabiá
Assim meu Deus, me ajude!
Pra que ainda em juventude
Eu consiga voltar pra lá
Para rever os açudes
Que quando menino eu pude
Em suas águas me banhar.
Desde já, Deus, agradeço
Sabe o Senhor que eu mereço
Voltar para o meu sertão
Porque eu nunca me esqueço
Do meu sertão, do meu berço,
Do meu pedaço de chão
Lá deixei o juriti
O sofreu, o bem-te-vi,
O craúna e o cancão
Sabiá? Não mais eu vi...
Nem sei se vai existir...
Quando eu voltar pro sertão
Roberto Basílio.
(19/09/2002)