SAUDADE DE OUTRORA

(matuteando)

Conde meus zoios te oiam

Mim vem logo na lembrança

o tamãe da tua pança

Conde tu tava buchuda

Tu toda inchada í zoiuda

Pariceno uma cabrita

Usano um laço de fita

Nu pescoço um trancilim

E o teu cabelo rim

Vermêi í arrupiado

O teu vistido rasgado

Mermo in riba da bunda

E tu toda maribunda

Pariceno uma jumenta

Já pingano pela venta

O suó que que vêi da testa

Ô cachorra da mulesta

Minha perdiz, minha pomba

Me alembro da tua tromba

Os teus zói chêi de remela

Tu sigurano uma vela

Pa mode alumiá

O tacho di mungunzá

Que tu fêis pá nóis cumê

O azeite di dendê

Aquela banha di póica

Pá í Pa casa de joca

Que tu butô nu cabelo

Eu pariceno um camelo

Tu pariceno uma vaca

Nu ôto dia a ressaca

Nóis só ficava drumino

Tú sôiano cum u minino

Qui já tava incumendado

In teu barrigão guardado

Cuma um jirimum num saco

Aí me alembro í impaco

Inté parêço um jumento

Vorta in meu pensamento

Aquele tempo passado

Fico mêi angustiado

Mais minha veia mim diz

É isso mermo meu veio

Nóis sofre mais é filiz!

Roberto Basílio, Em 02/09/2000

Roberto Basílio
Enviado por Roberto Basílio em 28/01/2015
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