MORINGUEIRO...

Pelas ruas da cidade,

vai o velho moringueiro,

triste, cansado, arengueiro:

Olha o vaso, olha o vaso!

Traz as marcas no semblante

da vida dura, estafante

a minar-lhe o corpo raso...

O corpo já se vergando,

qual sépala se partindo,

segue em frente se esvaindo,

caminhando para o ocaso;

E carrega n!alma santa,

que verseja a dor que canta:

Olha o vaso, olha o vaso!

Segue, porém, altaneiro,

num folclore permanente,

que a sua vida carente,

há de marcar a jornada;

Vai levando a esperança,

que guarda n!alma que avança,

de findar a empreitada...

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 21/08/2007
Código do texto: T617710
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