Sonho da Guanabara

A paisagem que eu vislumbro

Nos segundos do sonho rarefeito

Fechando os olhos entrevejo

Da Guanabara o céu rotundo

Bem da ponte e em movimento

Num carro rápido e suave

As nuvens que lhe bate

Às margens do horizonte

Cume imaginário da paz

e da beleza do espírito

Tal Cabral havia visto

Tal Guarani amou demais

É o que me surge nas visões

Repentinas da vigília

Ou sonhando com a baía

Envolto nos lençóis

Por vezes nos ônibus barulhentos

Na imaginação mergulhado

Torno Brasil e seu cimento

A imagem vinda desde um barco

Balançando sob a ponte

Ou à UFF beirando devagar

À noite, devolvendo o olhar

Que dei dali num outro instante

Noutra visão vou flutuando

Por entre os barcos comerciais

Uma barca passa, rumo ao cais

E eu aceno aos viajantes

Um dia gritava Cunhambebe

Falindo à nau de São João

Bombas voando em explosão

E Durand gritando enquanto fale

Noutro dia à sua margem

O imperador nos acenava

E eu das águas contemplava

O povo gritando em vertigem

Três navios recostados

Marinheiros a preparar

Sobre a terra e o patamar

As defesas do estado

Hoje são terras mortas e castradas

Quase virgens do estado

Dando-me nos pacíficos desmaios

Visões muito desejadas

A paz de um céu sem nada

Sobre uma água em soslaio

Esperando a volta de um estado

Tal é o sonho da Guanabara

João Pedro Garcia Castro
Enviado por João Pedro Garcia Castro em 11/05/2018
Reeditado em 10/06/2018
Código do texto: T6333792
Classificação de conteúdo: seguro