CHÁCARA DA HERA
Sílvia Purper.
Suas paredes, cobertas de heras,
com janelões se abrindo em par;
o salão de baile, todo espelhado,
papel de parede de florido aveludado;
cozinha com fogão de lenha,
mesa longa, servida por mucamas;
andar por seus cômodos amplos,
todos com vista para o jardim interno.
Ao entardecer, caminhar por alamedas,
percorrer entre flores, plantas e árvores;
descobrir o bambuzal, em forma de túnel,
raios de sol passando por entre espaços;
chão forrado por folhas secas,
estalando sob nossos pés.
Passar um dia percorrendo suas dependências,
é como uma viajem pelo tempo;
fecho meus olhos, deixo que a imaginação
retorne aos dias de fausto, numa festa:
_ “Vejo a orquestra, com seus violinos e
o piano de cauda, todos vestidos à caráter.
Com meu vestido longo, saio rodopiando.
Tocam valsas de Strauss, e eu,
pelo salão, vendo-me em todos os espelhos”.
Abro meus olhos, percebo que não há orquestra;
todos os candelabros refletidos pelos espelhos,
apagaram-se; meu vestido longo, sumiu.
É lastimável . . . voltei ao tempo presente.
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