Rio Gravataí

Em pacato banhado,

na cidade de Glorinha

nasce meu tímido rio.

Cortando campos, caminha

passando Gravataí,

Alvorada e Cachoeirinha.

Em Canoas e Porto Alegre

unindo-se com o Sinos,

desembocam no Guaíba,

terminando seus destinos,

juntamente com o lago

vão para os confins sulinos.

Nasci junto a seus banhados,

morando no Sarandí.

Em suas águas, com caniço

pesquei branca e lambarí.

No fim dos anos sessenta

até boto apareceu aqui.

A pequena cachoeira

que represava o rio,

foi sem dó, dinamitada

pelo motivo sombrio

de torná-lo navegável,

para barcos e navio.

Nas tuas margens o progresso

instalou seu acampamento,

cresceram muitas cidades

com seu veloz povoamento,

esgoto,lixo e poluição

recebeste em pagamento.

Agora corres tristonho,

com vazão desregulada.

Sem traíras, lambarís,

nem banho da gurizada.

Só te resta por vingança,

ver a cidade alagada.

Poeta da Periferia
Enviado por Poeta da Periferia em 27/09/2007
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