Amanheceres da Terra Rubra

Não receie o pasto coberto de gelo

Contemple, assim que beberes do quente café

O céu azul, guardado pelas copas dos pinheiros

Não receies a quietude da manhã,

Quem sabe as gralhas grasnem ao redor das copas

E o som dos pingos de orvalho sejam sua companhia

Apresse-se ao pasto, cortado por colunas de luz

Do Sol que irradia, memoráveis desenhos no chão

Note, os cristais da madrugada, derretem-se em luz

Caminhe jovem ser, por entre os pilares desses templos

Colete a semente rubra e dourada, pinhão do Paraná

Que o vento e a gralha ofertam à terra vermelha

Quantos que da semente rubra e dourada,

dos tempos imemoriais, da terra dos pinheirais,

se alimentaram dela, incontáveis gentes e animais?

A gente nua e forte que aqui pisava,

outrora tocados de sua casa, mata de Araucárias

ainda tenaz sobrevive, guerreiros de faces pintadas

E o povo que aqui após caminhava

Caboclos do sertão, da terra gerados,

dos ancestrais da terra, costumes guardava

Oh! São tantas as gentes, as histórias

tantos os costumes dos povos antigos,

que os pilares dessa terra guardam!

Contudo, poucos ermos desse tempo restaram

Os templos de aves e da gente da terra,

os trilhos e as serras, ao chão tombaram

E da rubra terra uma gente insurgiu,

e em batalhas que ferviam em chão contestado,

pela lei do trilho e da serra sucumbiu

Línguas antigas com novas se encontraram,

Rostos do norte às terras da contenda chegados,

Da dor daquela guerra poucos se lembraram

Ah! Se os pinheiros contassem ao farfalhar

seus galhos e folhas diriam em dias de outono,

as lutas que se travaram nessas terras!

Pisando com cuidado percorrem os caminhos,

aqueles que de muita antiga semente se alimentam,

mas esses caminhos não percorreram sozinhos,

pois no rastro de suas pegadas, antepassadas gentes

em brilhos de geada serviram-se, de fruto de pinhos.

Diego Maguelniski
Enviado por Diego Maguelniski em 04/06/2020
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