21- UMA ESPERANÇA PERDIDA - CASOS E COUSAS SERTANEJAS - JOACA ROLI

I

Dizem que a esperança

É a derradeira que morre

E eu vivo tomando porre

Para esquecer a lembrança

Ficando como criança

Para esquecer o passado

Que muitas vezes acordados

Ficava pedindo a morte

Porque ganhei uma sorte

De um amor agarrado

II

Vivendo só na esperança

Morre de fome e de sede

Dorme no pé da parede

E na vida nada alcança

Sua alma não descansa

Só vive em amargura

Sem nunca encontrar doçura

Todo momento a pensar

Se um dia pode beijar

A pessoa a quem procura

III

Esperança velha morre

De verde fica cinzenta

Se torna até rabugenta

Quem for morar perto corre

Outra coisa não socorre

Só se for mesmo um beijo

Mas a muito que peleja

Porém a esperança é torta

A minha já nasceu morta

Nunca venci o desejo

IV

De esperança eu viva

Todo dia alimentar

Sem nunca poder deixar

Pensando gozar um dia

Porém vendo que morria

Com aquela confusão

Sem haver compensação

Fui a esperança perdendo

Fui também compreendido

O que faz uma ilusão

V

Eu desconjuro esperança

Que mandou eu escrever

Pode de mim se ausentar

Não quero perseverança

Este amor ninguém alcança

Porque existe um segredo

Do tamanho de um rochedo

Só quem fura é barra mina

Portanto minha sina

É amar a quem tem medo

VI

Não quero mais esperança

Só quero a realidade

Desprezar esta vontade

Para fazer a mudança

Porque o amor te tardança

Só faz é enlouquecer

E no final vai viver

Doido dentro de um asilo

Aonde não tem estilo

E a esperança é morrer

JOACA ROLIM
Enviado por Félix Rolim em 29/01/2021
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