24- UNS VERSINHOS PARA NONATO ROLIM - CASOS E COUSAS SERTANEJAS - JOACA ROLIM

I

Sessenta e nove chegou

Despeitado com Nonato

Se deve peça perdão

Pois a ninguém eu maltrato

Dorinha já se casou

Outro melhor ela achou

Mais novo e sem boato

II

Nonato bem satisfeito

Quando soube da notícia

Mudou o seu pensamento

Sem existir mais malícia

Avisando pra Dorinha

Vou mesmo morar sozinho

E gozarei mais delícia

III

Vaidade neste mundo

Nunca dá bom resultado

A Dorinha já se casou

Para mim tudo findado

Nonato agora veja

Esqueça toda peleja

Vai viver mais descansado

IV

Os quatro vinham teimando

Porém foi bom a demora

Quem poder que aguente

Queira escutar tudo agora

Quem ganhou foi o João Chico

Não foi escutar fuxico

Nonato ficou por fora

V

Seu Nonato tenha calma

Quem ganhou foi o senhor

Casamento hoje em dia

Não terá muito valor

Quem não casa também passa

Porque velho é fumaça

Não terá muito valor

VI

O homem também se mata

Com a sua própria mão

Fazendo um mau casamento

Pegando um mau coração

Já não é interessante

É muito mais importante

Privar a sua paixão

VII

Eu digo e ninguém se engane

Veja como é que eu digo

Casamento hoje em dia

Tem a cara de inimigo

Pense e fique por fora

Fugindo desta má hora

Que lhe leva ao perigo

VIII

Hoje em dia o caso é serio

Pra velho levar a lida

Educar nova família

É duro o custo da vida

Velho já não tem carreira

Vai findar na choradeira

Ficando a luta perdida

IX

Eu tenho pena do velho

Que viúvo ele ficou

Ele gozando saúde

Nada dele se acabou

É triste quando adoece

E a família não conhece

O que do pai já gozou

X

É a razão de eu dizer

Velho só presta casado

Para não entristecer

Não viver preocupado

Dentro da sua morada

Olhando pra sua amada

Num velho bando deitado

XI

Quando ele vai dormir

Só se lembra do passado

Se levanta e vai andar

E passa a noite acordado

Veja que vida tristonha

Porque dormindo ele sonha

Com sua esposa de lado

XII

Nonato aceite um conselho

Da família e do amigo

Nossa vida está curta

Vamos esperar o castigo

Abaixando o cogote

Para bater o chicote

Para espantar o inimigo

XIII

Vamos cuidar em rezar

Esperando a vida boa

Descontar nossos pecados

Que nós fizemos à toa

Pedindo a Deus o perdão

Para ganhar a Salvação

Levando muita coroa

XIV

Sua família é amiga

Disto já tenho certeza

Todos lhe tem amizade

Lhe estimam com nobreza

Mas condena o casamento

Acham que é sofrimento

Que destina a natureza

XV

Tudo que Deus faz é bom

Vamos ficar satisfeito

Ele nos dá sofrimento

Para tornarmos perfeitos

Com grande felicidade

Ganhar-se a Eternidade

Só para o homem direito

XVI

Eu lhe dei um parecer

Porém foi sem vaidade

Foi de irmão para irmão

Que lhe tem muita amizade

E do estribo ao chão

Nosso Deus dá o perdão

Para toda eternidade

JOACA ROLIM
Enviado por Félix Rolim em 02/02/2021
Código do texto: T7174848
Classificação de conteúdo: seguro