RIO GANDU

Quais avós não disseram que nas suas águas tudo se podia?

As panelas ariadas, as roupas enxaguadas, e a diversão durante o mergulho na sua calmaria

Quem nunca aproveitou a sua riqueza era porque realmente não sabia

Das lembranças que mais incendeiam o meu coração ficam os banhos na companhia da minha tia

Em dias ensolarados cuja felicidade era uma garantia

Ele era misterioso para além do dia

À noite havia o medo dos monstros que vovó dizia

Mesmo assim, as suas lendas não impediam a estripulia

Para quem era criança, ele era mais do que uma esperança, uma verdadeira alegria

Nos dias chuvosos a sua fama crescia

E isso devido a maneira como ele se expandia

Sem ser convidado entrava nas casas, e o que fazer? Não se sabia!

Ele era mais forte nessas épocas de chuva que tudo umedecia

Ecoava pela cidade gritos de socorro em demasia

Porém, dizem que o seu auge era quando ninguém o conhecia

Era largo, corriam águas fortes, uma linda bacia

A sua beleza era tão grande que jacaré-de-papo-amarelo aparecia

Quem diria que um dia ele padeceria?

Nascido em Nova Ibiá, ele viveu a vida passeando pela terrinha

Estava sendo assassinado aos poucos e isso ninguém entendia

Ainda assim, continuava ajudando aqueles que não o cuidava sendo que daria

Não só poluíram suas águas, como derrubaram árvores, e cavoucaram terra por bazófia

Existia algum tipo de fé que sua água depuraria?

Mesmo sem vida, havia uma perspectiva de que alguém o ajudaria?

Ele sonha em voltar a ser gigante algum dia?

Ou uma lenda essa vontade apenas se tornaria? Isso realmente importaria?

Para todas essas questões seria necessário ter muito amor por quem já foi uma grande fonte de alegria

Samuel de Amaral Macedo
Enviado por Samuel de Amaral Macedo em 15/11/2021
Reeditado em 26/11/2021
Código do texto: T7386302
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