RIO GANDU
Quais avós não disseram que nas suas águas tudo se podia?
As panelas ariadas, as roupas enxaguadas, e a diversão durante o mergulho na sua calmaria
Quem nunca aproveitou a sua riqueza era porque realmente não sabia
Das lembranças que mais incendeiam o meu coração ficam os banhos na companhia da minha tia
Em dias ensolarados cuja felicidade era uma garantia
Ele era misterioso para além do dia
À noite havia o medo dos monstros que vovó dizia
Mesmo assim, as suas lendas não impediam a estripulia
Para quem era criança, ele era mais do que uma esperança, uma verdadeira alegria
Nos dias chuvosos a sua fama crescia
E isso devido a maneira como ele se expandia
Sem ser convidado entrava nas casas, e o que fazer? Não se sabia!
Ele era mais forte nessas épocas de chuva que tudo umedecia
Ecoava pela cidade gritos de socorro em demasia
Porém, dizem que o seu auge era quando ninguém o conhecia
Era largo, corriam águas fortes, uma linda bacia
A sua beleza era tão grande que jacaré-de-papo-amarelo aparecia
Quem diria que um dia ele padeceria?
Nascido em Nova Ibiá, ele viveu a vida passeando pela terrinha
Estava sendo assassinado aos poucos e isso ninguém entendia
Ainda assim, continuava ajudando aqueles que não o cuidava sendo que daria
Não só poluíram suas águas, como derrubaram árvores, e cavoucaram terra por bazófia
Existia algum tipo de fé que sua água depuraria?
Mesmo sem vida, havia uma perspectiva de que alguém o ajudaria?
Ele sonha em voltar a ser gigante algum dia?
Ou uma lenda essa vontade apenas se tornaria? Isso realmente importaria?
Para todas essas questões seria necessário ter muito amor por quem já foi uma grande fonte de alegria