Clamor do sertão

Ó Deus, aqui nesta terra de solo trincado

Nossa sede não tem nome, tem pressa

Caminho faminto, o corpo prostrado

Tem faltado tudo, a fé é o que me resta

Ó Deus, clamo a ti noite e dia, podes ouvir?

Às vezes penso que estou delirando

Pisando em solo quente que só faz exaurir

As gotas que escorrem de mim, evaporando

Ó Deus, há muito não faço mais plano...

Tudo nesta terra tem se consumido

E quando chega essa estação do ano

Ficamos com o ânimo muito abatido

Ó Deus, tem carcaça para todo lado

Vegetação não mais se consegue ver

Anseio que sejas meu grande aliado

Diga aos céus para começar a chover

Ó Deus!... sacie nossa sede e fome!

Provê alimento para esse povo sofrido

A desesperança tudo consome

E tudo aqui tem se extinguido

Ó Deus, tem piedade de todos nós!

Quando fizeres cair a chuva milagrosa

Baterá em retirada o desalento atroz

E minha prece será tão, mais tão calorosa!...

*Nota: em homenagem ao povo guerreiro que vive e sobre(vive) em meio aos cenários mais desafiadores do sertão com as fortes secas.

Fênix Arte
Enviado por Fênix Arte em 28/04/2024
Código do texto: T8051716
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