Minha Morro do Chapéu

Falar em você, minha Deusa,

Traz-me muitas recordações

Lembranças de um tempo vivido

Nas ruas, praças, campos, baladas e também na solidão.

Nas cantigas de roda, brincadeiras mil

Dos jogos de bola de gude, pião, amarelinha,

Dos vestidos de menina-moça

E dos sapatos de saltinho,

Da turma da Mônica e da turma do Miltinho

De Carla Vasconcelos e Kassinha, Amália, Márcio Brito

Carlos, Abdermam Júnior e Aninha, de Marcos Viena,

E o seu bar, das noites de algazarra,

Após as festas na Praça da Bandeira

E de Dona Hailda Rocha a gritar:

- Vão para casa meninos

É hora de se deitar...

Falar em você, minha Deusa é muito gratificante,

Faz-me lembrar suas serras, cachoeiras,

Morros, flores, amores...Aromas, pássaros,

Frio, inverno, devaneio no meio da noite...

Encontros noturnos clandestinos, no alto do morro

Que deu origem ao teu nome

Ideal lugar para o aconchego de amantes...

Falar em você, minha Deusa, também me deixa tristonha,

Faz-me relembrar contendas, histórias fatídicas,

Lutas políticas medonhas, a briga pelo poder e pela glória

As músicas de desagravo que fazem parte da história.

O desmatamento, a sujeira dos rios, a depredação das serras,

Parece mesmo tua sina, Deusa citadina,

A fauna e a flora, o descaso ambiental que aflora, durante tantos anos,no seio da Chapada Diamantina.

Mas falar em você também traz coisas simples e boas,

Como a vitalidade do povo correndo em busca de algo novo,

Exigindo melhorias, falando e reivindicando

O direito à cidadania.

Ah! Minha cidade natal, que fica bem pertinho do céu,

Mesmo estando distante, seus mistérios se desvelam,

Cai o manto que a envolve, cai o véu

Vejo-a límpida, lânguida e pura,

Uma Deusa do Olimpo que promete

Desenvolvimento e progresso

Minha Morro do Chapéu!