MERCADO
Sons e olhares na cidade baixa
Berimbau e ganzá chamam capoeira
Atabaques ecoam paredes coloniais
Pregões, vendilhões gritam, suplicam
Negros retintos circulam ruelas
Olhos brancos como faróis
Saltam do ébano, rostos safados
Panos, cafuzos, bandeiras tremulam
Da porta se vê o elevador Lacerda
Louros translúcidos, olhos de mar
Estão onde não deviam estar
Subsolo, gritos de dor vêm do passado
Chibatas, lusas e atlânticas galés
Escuros porões
Os blocos de pedra
Acentados com betume
Imagem de Iemanjá
Rainha das águas profundas
Berimbau, berimbau
Cheiro de dendê
Acobreadas peles
Acarajé e abará
Forte São Marcelo redondo imponente
Todos os santos a olhar
A Bahia sagrada