Futuro amputado

Faces da lâmina brilham nos olhos

Nas paradas das seis as sete,

Mutilam manhãs e suicidam os dias,

Atingem o espaço inerte das ruas.

Atravessa num agudo torpor

Ruas descampadas, tênue e sem contemplação.

Deserto desejo de não sair buzinando pelas estradas

Amarrotado num carro de duas portas.

Vês o espelhar da lâmina?

Alcançam veias, cruzam linhas,

Corroem a velocidade do tempo,

Param os homens e as suas máquinas vazias....

Em dados momentos cortam o trânsito,

Sem sinal a vida máquina engole o espaço.

Um corpo parte o horizonte e atropelo o vertical.

É o futuro amputado,

pararelas sem rimas,

Onde braços alcançam a lataria.

Vês! aliciam a alma, entopem as vias

Instalando viadutos em via dupla,

Fazendo a lâmina afiar o dia

Em sentido de alerta.