Ela Me Crucificou

Ela me crucificou na sua cruz,

Invocou corvos a tomar minha carne,

Sugou, bebeu meu sangue como

A rainha do sabá,

Invocou deuses e deusas.

E dançou, dançou a dança,

Girando no compasso da melodia.

Gritou, gritou de gozo

E sangue, gemeu prazer infinito,

Despertando estrelas e planetas.

E tomou meu lábio e mordeu,

Sentiu meu sangue sofrido,

Minha dor, meu medo.

E com unhas, arranhou meu peito,

Feito ave de rapina e lambeu

Meu peito ferido, saciando

Sede voraz, língua felina e áspera,

No peito que sangra seu suco carmesim.

E transgrediu meu rosto poético,

Duas vezes, quatro vezes,

Chamou-me de poético amante

E mostrou seus seios,

Exibiu para o mundo.

E gargalhou, gargalhou contente

Vangloriando sua majestade.

E assim, me beijou,

Furiosa, agressiva,

Tentando absorver minha alma,

Penetrando suas unhas em meu peito,

Cantando línguas compreendidas,

Beijou-me ardentemente,

Sua presa, o poeta.

Dor, dor, deixa que penetre.

Dor, dor, sou seu e nada mais me resta.

Rodrigo Arcadia
Enviado por Rodrigo Arcadia em 29/05/2012
Código do texto: T3694817
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