Lençol de beijos

A noite chega menina

E num aconchego de estima

Convida para o repouso

Tramado de fino linho

Como bordado de bilro

Deita-se em lençol de beijos

Invólucro ao corpo nu

O sono é leve

O adormecer breve

Em meio à madrugada

Que insiste em embalar

Desperta quase descrente

Com um vulto a sua frente

A lhe depositar carícias

Tão ternas, tão envolventes

Deixando-lhe em êxtase aparente

A promessa da visita foi cumprida

Percorre-lhe uma alegria desmedida

Que sem pudores a faz permitir

E a efígie revestida de atrevimento

Passa dela se servir

Saciando-se como bem quis

Dos pés aos cabelos até a raiz

Fartando-se para simplesmente partir

E assim o dia amanhece

Para fazê-la descobrir

Que dormira no sofá da sala

Tendo o frio gradativo do anoitecer

Gelado sua solidão

Aquecida em desnodoso pesadelo

De sonhar que fora amada

Suzete Palitos
Enviado por Suzete Palitos em 09/08/2013
Código do texto: T4426355
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