VERSOS QUE ESCORREGAM

Escorrega o verso sujo pelas palavras da boca suja, que se abre em gemidos nessa noite de lua cheia nua, escorrega entre os dedos os fios dos teus cabelos, que se rebelam e se entrelaçam se arrebentam nos meus braços, escorrega toda a saliva pelo corpo que desliza, entre suas pernas e as minhas há mais mistérios do que se imagina. Escorrega entre meus dentes seu pescoço quente, que se atira ao lado em prato servidor fome voraz de te morder de matar a fome de te querer. Escorrega entre as paredes todos os fetiches que se escondem, todas os gemidos que ecoam, todas os tapas que te batem. Escorrega pelos lençóis os sonhos mais bandidos, as lembranças mais safadas, o fogo mais consumido.