QUESTIONAMENTOS DA EMOÇÃO

Eu vejo você distante perdida nas cinzas do passado. Vejo você correndo sem rumo, sem vontade ao acaso. Depois você vem me dizer que as suas escolhas foram baseadas na razão e que o coração quando se deixa levar pela paixão só trás depressão. Tá certa e os poetas deprimidos ao menos correram riscos, não se acomodaram em cálculos, em retratos apagados, se fizeram presentes plenamente, entregues as nuvens, se deixaram voar ao impossível, vivenciaram o inesquecível. Eu vejo você resmungar razões e frações, daquilo que você não viveu por decepções, moldou a formulas a tua vida e se subtraiu da alegria. Você vem me dizer que sou cego e não vejo um precipício a minha frente, que os riscos de andar de peito aberto é morto mais que certo, que meus carinhos soltos podem me levar a desgostos, que meus beijos lascivos podem me tornar um dependente químico, que as flores que eu enviou são como anuncio pro bandido, que eu me deixo ser roubado em vez de ficar protegido. Me atiro de peito aberto e boca molhada colando pele com pele em poesia revirada, me jogo e jogo em paredes minhas vontades mais indomadas, o cansaço que se segue é realização, tesão, fome saciada. Não uso de razões pras minhas paixões, queimo feito brasa na mais fria das estações, te cubro de mim do abraço mais quente, do corpo acariciado, do pescoço beijado. Seu corpo em mim vai passar por essa prova resistir as razões de se entregar toda.