VERSANDO TEU CORPO

Meus dedos suspensos entre os pensamentos que guardam meu desejo de te ter esbarram no corpo e traduzem-se em movimentos agressivos. Como cavalo indomado, como vulcão em erupção, meu coração dispara ao cruzar seus olhos na imensidão daquilo que a paixão chama de vazão. Vazão da fome e da sede, de te comer, de te beber. Esse carinho arredio que prende entre os dedos tuas pernas, que se esbarra peito a peito, boca a boca, esse carinho que não se cala sussurra juras sacanas de uma noite clara. Me perguntam pelos dias que se passam de onde brotam as poesias sacanas, algumas brotam do canto dos olhos, da curva da bunda, da saliência dos seios, da força das coxas ou da lascívia da boca e da linguá inquieta, mas pro poeta a sacanagem que move as palavras está em perverter em belo aquilo que é profano. Profanei a putaria em amor na região da tua barriga, soprei palavras doces na região na tua virilha, em teus seios deixe minha sede, na tua boca deixei meu silêncio, no teu coração deixei só um desejo, de mais uma noite contigo versando teu corpo inteiro.

Os versos que se alargam no deslizar da linguá, que sugam tuas fantasias, se lambem em meus dedos e me deixam em carne viva.

Thiago Blauth Ferreira (Em CC no Recanto das Letras)