TESÃO ENRUSTIDO

Não me peça paciência com tuas birras, elas atrasam meus tapas, meu puxões de cabelo, meus apertos, minhas mordidas. Não me venha com essas birras mal comidas, birras franzidas, essas birras metidas que se acham dona da razão mas que se arrebentam no tesão. Essas birras que falam correto os trechos escritos dos poemas cegos, que não viram nada, não tocaram, não se acabaram no parquê da sala, esses poemas de poetas que rimam pela rima, que não escorrem as mãos por dentro de você que se afundam tanto na imaginação que não se traduzem nem um verso em ação. Não me venha com a birra de dizer que eu me nego a você, pois foi você que se negou a paixão, que se negou a oportunidade de revirar-se no colchão, de se lavar no suor, de ser possuída em calor. Pensa que me bate com essa birra, engana-se meu bem, aqui não tem não mais espaço pra você a próxima da fila que vem. A quem diga que a tua birra não passa de frustração eu já acho que isso não passa de tesão, enquanto você não botar pra fora isso nem que seja com tuas mãos, vai ficar só na razão sem ação. Fica fácil cobrar do meu corpo o teu desgosto, de jogar na minha cara a tua falta de coragem, de cobrar do meu abraço o teu atraso, de cobrar dos meus gestos a tua sacanagem. Anda por ai com tua birra, se passando pela mais bandida, vai que encontre pelas ruas da vida a próxima fila.