MAIS FORTE DO QUE ELA
 

O noturno possui
Um vasto alimento
Sofrendo da lamúria
De não me ter
Vou entregar a solidão
Ao “qualquer um”
Quando voar
Pelo flutuo carbono
Das ruas e ver
As avenidas que trazem
O vento úmido das
Donzelas
Querendo apagar
As luzes
Do interior
P’ra que ninguém
Diga seus nomes
Verdadeiros
Na sombra
O astuto
De um beco sujo
Sem tempero
Das mazelas erguidas
na boutique
caliente de amor
pela prisão marginal
tem um sinal
que meu corpo quer
vou ser mulher
da noite
o que a noite esconde
e perturba
buscam os arredores
da virtude limpa
a mesma que imita
e precisa do ego
o animal agora
saído de si
me tem como alvo
ando a dois palmos
de sua casa sem cerca
finjo cair
me atiro na parede
meu vestido
tem um curto circuito
no corte do intuito
que me traz até ali
não vou gritar
ele quer expulsar a dama
que joga charme
num fogo de brasa acesa
me deixa indefesa
o que eram minhas roupas
torna-me a louca
nua amarrada
de costas ao marujo
naufragado de mulher...