Distração à janela

Te quero de pé à janela

cinicamente distraída

com a vista da cidade.

Cortinas e pernas sutilmente abertas,

um comentário sobre banalidades na avenida

como se não ouvisses o cinto desafivelado

e a calça que desaba pouco depois da braguilha;

como se não sentisses o puxão nos cabelos,

a mão atrevida sobre o ventre,

o toque decidido à porta, o entre,

e o homem que escorrega

na avenida encharcada

apesar do estupendo dia de sol

te deixa boquiaberta.