Mais um texto sobre nada

Piscando minha boceta e a ansiedade está comendo

Assaltei a geladeira, uma fome de dez homens fugitivos da guerra

Queria ser mordida neste exato momento para que possam me esvaziar um pouco do meu veneno

Expelir até a alma se afogar; nadar no fígado, misturando álcool e pólvora

Queime como as bruxas

Me deseje insanamente

Como eu sinto falta de dormir leve e levitar de tesão

Como era bom ser jovem e burra

A educação, a inteligência, maturidade - seja lá qual xingamento for - é um fardo pesado demais para os inocentes rostos e colunas dos tolos

Ajoelhar para rezar;

Ajoelhar para dar a bênção ao pecado permitindo ele de me devorar

Amassar meus seios em peitos quentes

Sentir minha pele dos beiços umedecer e parar de me cortar

Babar completamente os lábios

Aleluia! Um texto sobre corpos, não os mortos, mas aqueles que só existem pelo único prazer que ainda nos mantêm de joelhos perante a escuridão.

Não seja necrófilo comigo

Toda puta precisa de carinho

Até as prostitutas fazem amor e gozam nas camisinhas furadas

Eu quero sentir alguém esta noite.

Tão podre, tão honestamente, tão surreal, tão universal

Tão intensa e completamente

Combinando meu desempenho sexual com as batidas do meu coração.

Se eu tiver um infarto ou desacelerar o marca-passo, peço que cada compasso seja medido com extremo cuidado porque eu já senti muita dor aqui e se tocar no lugar errado, eu transbordo. E teremos de fato um dilúvio de emoções que faria com que Noé agradecesse por ser um animal morto.

Thina Freitas
Enviado por Thina Freitas em 01/06/2019
Código do texto: T6661937
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