Semi-ser

Minhas coisas em caixas

Ego inflado de nada

Espaço ociosamente ocupado

E em mim palavras

E gestos desocupados

Transbordando vazio

Torto e perene

Numa esperança-espelho

Tal batata quente arremessada

Em mãos alheias

Torcendo para me sorrir,

Minimizando-me para caber

Entre dentes expostos alheios

Qualquer falha e fenda me serve

Para não estar em mim,

Apenas semi-ser

E largar-me a aceitação alheia.