Furor
Vicia-me o que não tenho;
O que, fundo de iceberg,
Lateja latente.
Vicia-me o que me falta;
Aquilo que, em doses altas,
Chamam de doente.
E vejo, invejando a outros,
O que de mim foge,
Sem que possa alcançá-lo.
Da janela de minha bolha,
Observo, na encolha,
O que por tanto tempo calo.
Vicia-me o necessário;
Que de tão pouco ter,
Pulsa persistente.