VÉU

Abri os meus olhos no escuro,

Consciente de que toda a funcionalidade

Existente dentro do quarto pudesse,

De alguma forma, me dizer como deveria

Pensar em outros cenários além daquele,

Cuja a fome era o espectro dominante,

Puro sangue, muita carne e alma em demasia.

Era pele a pele, numa profusão complementar

De indivisíveis alucinações eróticas

Que não seriam insensíveis ao tocar os lábios,

Nem rememorar todas as vezes em que o fogo

De alguma maneira surgia em ambientes improváveis

Para que a dissipação inumana desenvolvesse

Alguns momentos de pura ruptura,

Onde a mentalidade daria lugar ao instinto,

Uma invenção puramente animal.

Eu era febril até conhecer a tempestade

E desenvolver outro olhar sobre essa dose

Renascente do âmago e propícia a conflitos

Tão internos quanto a minha língua escondida

Entre dentes que rangem a cada batida do coração,

E deságua numa consoante sinfonia com cada passo

Entre breves falas e muitos olhares.

Há o que há por não saber mediante

Os tempestuosos solavancos mentais

Internos pelas bases do olhar soturno

Em tardes pequenas de puro calor

E noites ainda mais quentes num despudor

Repleto de despautério selvagem,

Com ardor, com timidez pecaminosa e o temor

De nada consolidar sem o ápice do toque.

Hivton Almeida
Enviado por Hivton Almeida em 02/12/2022
Código do texto: T7663205
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