NO CHUVEIRO

Quando cheguei

já era tarde.

Quase onze e meia da noite.

Pouso as chaves

largo a pasta.

Tiro a roupa

e ligo o chuveiro.

Sem que ela se apercebesse

ela estava deitada

vestia um biquíni preto

e os peitos dela estavam nus.

Era um daqueles dias

que Luanda não dormia.

Ela se aproximou

deu-me um abraço pelas costas.

Beijou-as com um selinho amoroso

e meteu gel de banho

ao meu cabelo.

Massageava

como se fosse uma terapia

de cafunes.

Virei para ela

e beijou-me a boca

Não respondi ao beijo com ternura

ela transmitia paz

tranquilidade

e muita sensualidade.

Tomei-a em meus braços

como se fosse o deus dela.

Enquanto ela gritava

de prazer

meus braços mais a apertava.

Era só ligar o chuveiro

que o resto se desencadeava.

Podia a água estar fria

mas o ambiente entre nós estrava quente.

Nossos corpos entrelaçados

em perfeita sincronia

no frenesi da paixão

nada mais importa

apenas o meu toque nela.

O bom das almas perfeitas

é que não precisam de momentos perfeitos

para serem felizes.

Enquanto o chuveiro diminuía a pressão

ela saiu sem dizer palavra alguma

e pensava ela

“cumpri a missão.”

Virou olhando para mim

e riu de queixo ao ombro

como uma daquelas esculturas da Idade Média

e eu olhava para costela

que me foi tirada na criação.

Devolvi o riso sem dizer nada

E desliguei o chuveiro.

Anselmo Liumba
Enviado por Anselmo Liumba em 17/04/2024
Código do texto: T8043381
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