Tropa de Sonhos

Madrugadita, vou de-a-cusco e de-a-cavalo

Cortando campos nevoentos de umidade.

Tropeio sonhos bons e, ao léu, espanto os malos

Deste meu peito, parador de mil saudades.

E esta pontinha de bons sonhos que tropeio

Me impõe cuidados por valiosa, embora chica.

Sobrevivente, ela é o florão dos meus anseios

Na longa ronda por quem parte, de quem fica.

E, todavia, pode ser que, um dia desses,

Revele a vida um rincão pra que estes sonhos

Deixem de ser arteiros quais guris medonhos

E me permitam envelhecer dignamente.

Então é certo: -Vou soltar os meus cavalos!

Nas alpargatas buscarei o meu sossego.

Dos meus arreios prá cadeira num pelego

Para estes sonhos, um por um, eu ressonhá-los.

Iberemachado@yahoo.com.br

Iberê Machado
Enviado por Iberê Machado em 25/01/2006
Reeditado em 31/01/2006
Código do texto: T103561