Guasca Largado

Cusco gordo na corrente

Inveja o guaraxaim

Que, embora magro, al fim

Não terá sido maneado.

Guará de grota, aporreado,

Não nasci prá ser sogueiro.

Nem o sovéu do dinheiro

Me fez bater no alambrado.

Sou dono do meu focinho

Na sombra do meu chapéu.

Visgo, arapuca, mundéu,

Tenência doble que empaca

Como petiço arataca.

O touro na tropa alheia

Ou vira boi ou peleia

Pra não berrar como vaca.

E agradeço ao Patrão Grande

Por toda esta liberdade.

Por não morar na cidade,

Pelos rastros no passado.

Meu Patrão, muito obrigado

Por ter me feito um gaudério.

Por, só temer o teu mistério

E ser um guasca largado.

Iberê Machado
Enviado por Iberê Machado em 18/02/2006
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