Lanceiros Negros

LANCEIROS NEGROS

Ainda ecoa: “é o Moringue” no Porongos.

Gritos de espanto, tocaia e traição;

Tentando o revide com o contra-ataque

Surpresos, sem armas, sem munição.

O tocaiado Regimento Negro Farroupilha

Dizimado covardemente sem compaixão

Pelo General bandido David Canabarro,

Mentindo à Caxias, o próprio Barão,

Com o conluio de Vicente da Fontoura.

Enredo vil! De Chico Pedro a versão.

O verdadeiro soldado luta por um ideal.

Por sua pátria, defende a liberdade.

E os negros repatriados, escravizados,

Só queriam aos seus, a doce felicidade.

A mesma que tinham na longincüa África,

Contada a todos por anciões a verdade.

Sua fartura, suas florestas, seus deuses...

Nas noites tristes, remoendo a saudade.

E a preta velha, sonhando com a alforria

Dos filhos, sobrinhos afilhados e netos;

Negros, índios, mestiços, mulatos...

Sentada impaciente esperando a notícia

Do fim da guerra, da sonhada vitória

E contar a todos a almejada glória.

Ser mãe de filhos livres e feliz algum dia

Pois eram valentes, os heróis da cavalaria.

Dizimados os Cavaleiros Negros Farrapos,

Mariano de Mattos defendeu a abolição,

Mas Vicente da Fontoura, Onofre Pires e

Canabarro, veementemente disseram não.

Abolir o cativeiro semelhante ao Uruguai?

Antônio Vicente acaudilhando os maiorais,

Demônios desprezados e amaldiçoados

Covardes cidadãos dos escravos, faziam soldados.

Ataulso Verissimo
Enviado por Ataulso Verissimo em 06/09/2008
Reeditado em 26/03/2009
Código do texto: T1164502
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.