Lanceiros Negros
LANCEIROS NEGROS
Ainda ecoa: “é o Moringue” no Porongos.
Gritos de espanto, tocaia e traição;
Tentando o revide com o contra-ataque
Surpresos, sem armas, sem munição.
O tocaiado Regimento Negro Farroupilha
Dizimado covardemente sem compaixão
Pelo General bandido David Canabarro,
Mentindo à Caxias, o próprio Barão,
Com o conluio de Vicente da Fontoura.
Enredo vil! De Chico Pedro a versão.
O verdadeiro soldado luta por um ideal.
Por sua pátria, defende a liberdade.
E os negros repatriados, escravizados,
Só queriam aos seus, a doce felicidade.
A mesma que tinham na longincüa África,
Contada a todos por anciões a verdade.
Sua fartura, suas florestas, seus deuses...
Nas noites tristes, remoendo a saudade.
E a preta velha, sonhando com a alforria
Dos filhos, sobrinhos afilhados e netos;
Negros, índios, mestiços, mulatos...
Sentada impaciente esperando a notícia
Do fim da guerra, da sonhada vitória
E contar a todos a almejada glória.
Ser mãe de filhos livres e feliz algum dia
Pois eram valentes, os heróis da cavalaria.
Dizimados os Cavaleiros Negros Farrapos,
Mariano de Mattos defendeu a abolição,
Mas Vicente da Fontoura, Onofre Pires e
Canabarro, veementemente disseram não.
Abolir o cativeiro semelhante ao Uruguai?
Antônio Vicente acaudilhando os maiorais,
Demônios desprezados e amaldiçoados
Covardes cidadãos dos escravos, faziam soldados.