Os Bailes do "TIU JOVÊNCIO"

Nos bailes do “Tiu Jovêncio”

Era grande a diversão,

Nunca dava confusão

Porque era bem organizado.

E se entrasse algum “lasqueado”,

Era levado pro galpão

E uns “estouros” de facão

Faziam o “qüera” ficar calado.

E o baile continuava...

Gaita, violão e pandeiro.

Um capinado no terreiro

Paredes de rama trançada,

Era o “Baile da Ramada”

Mais animado do rincão.

Que mantia a tradição

Em sua essência cultuada.

A luz era de “candiêro”

Pendurados nos esteios.

E se houvesse tempo feio

Chuva, pedra ou trovão,

Uma lona de caminhão

Resolvia a brincadeira.

E continuava a vaneira

Naquele canto do salão.

E o “Tiu Jovêncio” gostava...

E era chamado de louco.

Porque achava muito pouco

A gente viver p´ra trabalhar.

Nós temos é que brincar

Dizia ele contente,

Sempre com voz imponente.

E gostava de dançar!...

Pra o bom andamento do baile

O tio Jose era o Mestre de Sala

Que mandava tirarem as balas

Das armas na portaria.

Pra no "causo" de uma "estripulia"

Ninguém se ferir gravemente

E voltar pra casa contente

Junto da sua família.

Quem cuidava da copa

Era meu pai - Sr. André

Assim como o tio Jose

Fazia tudo direitinho.

Gazosa, grapete, copo de vinho

Cerveja da prateleira

Pois não tinha geladeira

Se bebia tudo "morninho".

Na metade da madrugada

O café era servido...

Com lingüiça, bolacha, ovo cozido

E um “caldo verde” pro buxo,

Pra bem de agüentar o repuxo

Até o dia amanhecer.

Quem não conhece não crê

Diz que estou “queimando cartucho”.

Já vai longe no passado

A história do “Tiu Jovêncio”!...

Eu ia esquecendo o Terêncio

Que cuidava dos cavalos,

Não tinha nenhum regalo

Nem entrava no salão,

Ficava lá no galpão

Tomando pinga no gargalo.

Hoje recordo com saudade!...

E parece que estou enxergando!...

Aquelas moças dançando

Com vestidos bem rodados.

E eu num canto, envergonhado,

Pois ainda era um “piazito”.

E ficava ali, “solito”

Até que fosse convidado.

Mas o “piazito” cresceu...

Se bandeou cá p´ra cidade.

E digo em grande verdade

Com toda minha experiência,

Nas minhas reminiscências

De pensamento em silêncio...

Como os bailes do “Tiu Jovêncio”

Não há em outras querências.

NORBERTO CASTRO
Enviado por NORBERTO CASTRO em 16/01/2009
Reeditado em 01/08/2012
Código do texto: T1387614
Classificação de conteúdo: seguro