Soneto ordinário
Se vos açoito com tais palavras,
É que vos tenho em alta conta.
A mansidão que em mim prezavas,
Por alertar-vos tornou-se afronta.
Mas como não vos fazer conhecer,
Tais sentimentos desse porte?
Acautelai-vos ou há de ser,
Que a lucidêz não me seja forte.
Enfim toldado por devaneios,
A que me levam a tais floreios,
Declaro vossa a minha vida.
Aos teus pés, mas fronte erguida,
Espero em vós compreensão,
Pra não ferir-vos um coração.