JACINTO e MARCELINA

Também sabia cantar

com muito amor e ternura.

Porém era essa sua loucura

o poder de improvisar.

Em sua vida de domador

jamais cometera erro algum.

Era filho da terra, comum

como o pai um lutador.

Foi por isso que uma vez

os amigos disseram : "Cante !"

E um relato interessante

lhes fez com altivez.

De um piá e uma prenda

em seu canto fez menção.

E em suspense ficou reunião

junto a fogueira na estância D. Brenda.

A todos os ouvintes entusiasmou

com seu relato campeiro.

E com seu modo corriqueiro

o gaúcho assim continuou.

Depois daquela noite enluarada

em que os dois se encontraram.

E no horizonte vislumbraram

o amor. E a prenda enamorada.

Simpática, doce e delicada

como uma flor preferida.

É algo para cultivar, é vida

É de atiçar toda piazada.

Suas feições magistrais

indicam paixão imansa.

Como justa recompensa

de fantasias divinais.

Tem um fundo magnetismo

em seus olhos brilhantes.

Como as cordas vibrantes

do galhardo paixonismo.

Tinha desesseis anos

a simpática menina.

Sincera idade que ensina

do amor os desenganos.

Ela que soube querer

e soube também amar.

Estendeu seu vasto olhar

até o campo do dever.

Os pais de Marcelina

com ternura a cuidavam.

E com amor a criavam

com uma paixão, pura, divina.

Suave botão de flor

no jardim aureo da vida.

Aonde brota enseguida

O poema de paixão e amor.

Belo quadro campeiro

Pintado em tela divina.

Jacinto com Marcelina

jurando amor verdadeiro.

Marcelina, paixão e amor

Todos assim a aclamavam.

E no pago a chamavam

a prenda do cantador.

Mas aconteceu o fatal

porque em uma danceteria.

Ao pobre Jacinto um dia

lhe cravaram, no peito, um punhal.

E para sempre caiu

para defender a menina.

A chinoca Marcelina

que de tristeza partiu.

E no pago comentaram

aquela cruel injustiça.

Que ao saber da notícia

até os homens choraram.