GAÚCHO, QUE SAUDADE!
Terra minha,
meu pago,
meu chão...
Meu Rio Grande, tantas terras!
Que verde lindo,
que céu azul.
O minuano ainda assovia
no inverno...
Olha o fogo de chão!
E no verão, quantas praias,
quantas sombras...
Mas, que vontade de chorar!
O agricultor, o gaúcho lá da serra,
do rincão, está sem terra.
Está faminto, está sem pão!
Gaúcho, eras tão forte!
Tuas bombachas provocavam o vento.
Teu chimarrão aquecia
o despertar nas madrugadas.
Gostavas de camperear,
tinhas o gado para marcar,
tinhas uma viola e um luar...
E agora?
Falam tanto de Reforma Agrária,
mas teu filho não tem escola,
está faminto, sem futuro.
Teu ranchinho
já não existe,
mas tua Esperança
ainda te deixa em pé.
És guapo, és gaúcho!
Que saudade do churrasco,
a carne gorda,
o espeto no fogo de chão!
Que saudade do amargo
bem cevado,
do baile de galpão!
Que saudade do banho de arroio,
da luz de lampião!
Que saudade da Querência,
dos antepassados, da cacimba,
porém, não falo da infância
que se foi,
falo, com indignação
da vida no campo
que o progresso destruiu.