GAÚCHO, QUE SAUDADE!

Terra minha,

meu pago,

meu chão...

Meu Rio Grande, tantas terras!

Que verde lindo,

que céu azul.

O minuano ainda assovia

no inverno...

Olha o fogo de chão!

E no verão, quantas praias,

quantas sombras...

Mas, que vontade de chorar!

O agricultor, o gaúcho lá da serra,

do rincão, está sem terra.

Está faminto, está sem pão!

Gaúcho, eras tão forte!

Tuas bombachas provocavam o vento.

Teu chimarrão aquecia

o despertar nas madrugadas.

Gostavas de camperear,

tinhas o gado para marcar,

tinhas uma viola e um luar...

E agora?

Falam tanto de Reforma Agrária,

mas teu filho não tem escola,

está faminto, sem futuro.

Teu ranchinho

já não existe,

mas tua Esperança

ainda te deixa em pé.

És guapo, és gaúcho!

Que saudade do churrasco,

a carne gorda,

o espeto no fogo de chão!

Que saudade do amargo

bem cevado,

do baile de galpão!

Que saudade do banho de arroio,

da luz de lampião!

Que saudade da Querência,

dos antepassados, da cacimba,

porém, não falo da infância

que se foi,

falo, com indignação

da vida no campo

que o progresso destruiu.

Rosa Dias
Enviado por Rosa Dias em 05/10/2006
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