OS FARRAPOS
Foram os primeiros soldados
Da Província de São de Pedro
Que defenderam sem medo
Com boleadeiras...adagas
Esta terra colorada
Pavilhão da valentia
Pagos de gente bravia
Que o tempo jamais apaga
Trouxeram atado nos tentos
Desde o dia em que nasceram
A sina de serem os primeiros
A "darem amostra dos panos"
Nestes pagos, soberano
Forjando à bala e a lança
Traçando a história imortal
Do Rio Grande ainda criança
Alçavam o pingo no freio
Peleavam de peito aberto
Por esta pampa, deserto
Na defesa deste chão
Muitos tombaram sem vida
Nos entreveiros de cascos
Mas nos deixaram de herança
O bravo sangue farrapo
Admiráveis caudilhos
Pelo amor que têem ao pago
Se ouvem algum estralo
Já empunham suas lanças
Cismando fazer vingança
Áqueles que já morreram
Combatendo algum tirano
No meio desse entreveiro
Ficou gravado na história
Dez anos dessa "façanha"
Que os Gaúchos de antanho
Escreveram nas coxilhas
Com o sangue farroupilha
A Epopéia dos Farrapos
Mostrando o que é ser guapo
E de que Ideais não se destrilha
Nas margens de algum riacho
Nas sombras dos caponetes
Alí acampavam-se os piquetes
Pra descansarem as carcaças
E a velha seiva da raça
Passeava de mão em mão
Afogando algumas mágoas
Curtidas no coração
E a todos os que tombaram
E estão na estância do céu
Eu aqui tiro o chapéu
Reverenciando-os com graça
Pois foi no meio da fumaça
De tanto queimarem cartucho
Mostraram que o sangue Gaúcho
Nasceu pra exemplo da raça
Mas se vier ainda outra guerra
Peço a Deus onipotente
Que ainda exista algum valente
Pra defender nosso pago
Que encarem o sol de frente
E honrrem a marca da herança
Dos que traçaram co'a lança
Estas fronteiras do Estado