Dos Parceiros

Gracias parceiro ...

-Te devolvo a cuia do mate do estrivo.

já emalei o poncho e guitarra,

encilhei o pingo pra seguir caminho ...

Nossos destinos que vieram juntos

guitarreando ao fogo, não terão distância.

Haverá lembrança em meu caminho novo

e se encontrarão numa destas horas.

Tenho de ir embora ...

Vou sovar pelegos pelo mundo a fora...

Buscarei verdades que só o mundo diz.

-Eu que sempre as quis, não as tenho agora.

Parceiro ...

Admiro tanto teu viver calado ...

Sou igual ao vento;

Não tenho talento pra viver plantado ...

-Esta estância buena

se tornou pequena pra meus horizontes...

Meus cabelos brancos já não são dispersos,

o meu universo já não tem mistérios ...

- O jeitão gaudério que me vem da infância

Aflorou a minha ânsia de cruzar estradas.

Vou fechar um baio, depois pego o rumo,

senão me acostumo e por querer não saio.

Parceiro ...

Quando a noitezita te pegar mateando

-tão somente tu ... Saberás xiru

estarei cruzando mais uma porteira

antes da pousada

com pó da estrada e o saber de andejo.

Este é meu desejo ... É a minha sina...

-Encurtar caminhos ... Engolir distâncias ...

Ir buscar o novo.

Conviver com o povo de outras estâncias

-de viver distinto...

e ter consciência pura e verdadeira

do que é que sou.

Sabes parceiro ...

Sempre te fui franco.

Eu nunca arranco esta ânsia maula

de andejar sem rumo.

-Está decidido:

vou montar no zaino, vou pegar a estrada

e seguir o rumo deste meu sentido ...

Voltarei talvez ...

-Ou quem sabe não ...

-Dizem os velhos a quem busca a estrada

que este mundo é grande

a quem não tem o dom de repetir pousada ...

Gracias parceiro, por me ouvir calado ...

Por não dizer nada e me entender, amigo.

Vou acender o baio ...

-Me alcança o tição ...

Vou pitando ausências, pra apagar o rastro ...

-Até a volta, irmão.

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 18/05/2011
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