GUARDIÕES DO TEMPO

Lá está ...

Bem no alto da coxilha,

como se fosse um fantasma

dos casarões antigos de outro tempo

ou um centauro guerreiro farroupilha,

guardando esta memória tão caudilha

aos poucos gaúchos de agora, inda em vigília.

Tão diferente da paisagem que o rodeia.

-Tão singular e personal...

De portas e janelas grandes.

De trancas e tramelas,

guardando lá por dentro delas

a história memorável de nossa gente...

-De homens e mulheres...

-De guerras e de Paz...

Que a ele jamais será passado,

enquanto manterem-no entonado

terá como presente eternamente.

Lá no casarão,

a história secular de seus caudilhos,

passada com o tempo para os filhos,

que se tornaram pais, depois avós.

Povoando esta Querência tão gaúcha,

alargando estas fronteiras com garruchas

para encontrar a paz e dá-la a nós...

Lá está,

e há de permanecer eternamente,

enquanto houver aqui alguém consciente

da base cultural dos ancestrais.

Do campo que virou cidades,

da carreta já aposentada

e das tropas de outono

já tão minguadas...

Lá ... Ele e outros tantos

pelos quatro cantos...

Guardiões de um tempo velho

a marcar presença em nossa era...

São remanescentes de um mundo antigo,

neste mesmo chão,

passando despercebidos por tantos

incensíveis para os seus encantos,

vendo neles somente tapera e solidão...

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 19/05/2011
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