Antonímia

Lá vai sinhozinho, carregando o caixão

No peito leva a alegria de uma grande paixão.

Coitadinha, a tuberculose a levou, doença maldita

Mas no peito dos poetas, uma inspiração infinita.

Que dor pungente esta de perder a amada.

Em casa versos entoam a revoada,

Na cama o peso da perda, o magoa

No sonho a alegria de revê-la lhe atordoa.

Esses amores que só trazem sofrimento

Não sei se foi Gonçalves ou se Castro

Que no peito só levou desalento

Perdendo a esperança como luz no alabastro.

Se entregar aos amores e ao idealismo

O sonho de liberdade em perfeito lirismo

O som das correntes nas pegadas do tempo

Palavras de amor sopradas ao vento.

Quem dera fosse apenas poesias

Na boca de um negro no fundo da senzala,

Porém tivesse a força que no açoite se cala

Ao som do chicote e tantas heresias.

Cantando as alegrias de um triste coração.

O romantismo poético se tece na profunda ilusão

Que nos corações aos poucos se escrutinia

Essa doença de eterna antonímia.

Lucas de Arcanjo
Enviado por Lucas de Arcanjo em 26/07/2011
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