CAMBONA ENCARVOADA

Cambona encarvoada amiga

Companheira do amargo

Emparceirados no trago a trago

Vamos refletindo sobre a vida

Dos manotaços da lida

Mateando faço inventário

Entre ganhas e perdidas

Vou montando um relicário

As buenas, meio poucas

Las malas, também tem vez

Vou domando essa vida louca

Cabeça erguida com altivez

E no entrevero do pensamento

Enquanto sorvo meu mate

Neste rústico levantamento

Dos meus internos embates

Nessa gaúcha tríplice união

Campeira e rústica harmonia

Eu, a cambona e o chimarrão

Vamos iniciando mais um dia

E vejo, que tu cambona

Comigo muito parece

Eu com as marcas das changas

As tuas do fogo que aquece

Qual as labaredas que te escurecem

Eu também trago minhas marcas

Mas laçaços não me esmorecem

Pois sou como meus patriarcas

Que habitaram estes pagos

Sofreram seus cimbronaços

Sorveram contigo amargos

E nunca frouxaram o braço

Dante Trindade
Enviado por Dante Trindade em 13/06/2016
Código do texto: T5665936
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