CLARÃO

CLARÃO

Como um espírito obscuro e confuso

De olhos acesos.

Já as vozes referiam-se ao féretro,

Mas o fuso horário da intensa floresta

Indicava canção.

Suavemente, por detrás das cadeiras,

Um mago soltava suas garras ligeiras,

E o espírito confuso criava olhos

Que pertenciam a Deus.

Seria um gato sinistro ovacionando o fim do terror?

O galo cantou ligeiro na multidão.

E o espírito obscuro criava olhos e canção.

O fluxo do horário já não era um destino fixo.

Suavemente, por detrás das cortinas,

Cézar assassinado levanta e cospe no Império.

Um espírito obscuro abraça a luz do crucifixo

E seus olhos brilham, apagando o reflexo da traição

De qualquer corpo semelhante em trevas.

O segredo da criação

Começa nos olhos.

E uma floresta efervescente semeia o tempo e

O redemoinho de seu espaço.

Um espírito obscuro descobre a luz em si,

E como selvagem prepara o seu outro planeta de luz.

Renasce a ondulação das águas

E um estrondo ouve-se como o respingo de uma lágrima.

Como um espírito confuso e obscuro

As pupilas brilham numa luz incrível.

Está aberta entre as paredes um caminho florido.

Suavemente, por detrás das colinas,

Mil olhos acendem-se:

O prenúncio do fim das trevas.

FERNANDO MEDEIROS

Campinas, é outono de 2008.