VIGÍLIA
Ladram, lá fora,
perdidos no esplendor mudo das rosas,
os galgos - animistas do luar...-
Há um piano gemendo na penumbra
e, sobre a mesa de desenho fino,
um livro de poemas, a sonhar...
Ouço a voz do jardim... cismo... divago...
incorpora-se em mim, celestialmente,
a ternura vidente, luminosa,
deum Cristo branco, leve, sonhador...
E analiso o meu drama de homem triste...
E entro na engrenagem torturante
do que vi... do que sei... do que senti:
uma criança humilde, uns tamanquinhos..
artistas pobres namorando rosas,
pintando rosas, sem chegar ao fim...
a tosse de uma loura mulher magra...
um esquife... uma risada... um bandolim...
Ladram, lá fora,
perdidos no esplendor mudo das rosas,
os galgos - animistas do luar...-.