POSTURA
POSTURA
No poste
Uma coruja
A premeditar coisas más.
Não acredito em superstições.
No poste apenas uma coruja
A sobreviver na noite,
Teimosamente sobrevivendo
Como eu sobrevivo.
No poste o seu olho amarelo
Parece extinguir o sonho
Como eu
Que sou medonho.
O seu corpo estático
Parece empedrado na noite
Como eu fanático.
A sua postura
No poste perene
Não é aflita,
Está parada,
Mas fervilhando tormentas.
O seu canto sinistro
Parece suicida nas últimas horas
Como eu
Ministro minha vida.
Poste, coruja,
Fuja, fuja...
Porém meu sustento
Parece ser esta lágrima.
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, é outono de 2008.