Espelho
Onde está minha imagem, ó espelho ?
O que fazer com o sonho que ora é desespero !
O que fazer ?
Há tempos que a luz se esconde e você, espelho, onde estou ?
Como posso esconder-me atrás dos olhares desconfiados ?
Sempre reflete-me amor !
É preciso que me retornes.
Assim, quem sabe posso sentir o antigo elo: tormento e emoção.
Sinto que o pensamento me distrai ou trai, não sei, sei que navega, flui nessa vaidade do prazer.
O espelho que não responde !
A solidão, sinto-a como grande companheira.
Difícil é lutar com o medo, e, a alma fria nem sempre esquenta a noite.
Talvez o espelho tenha perdido-me, assim como a paixão, a fascinação.
Mas como esquecer se meu desejo é fogo ardente?
Comoção.
Não, ó espelho, nem sempre somos a vergonha.
Há, de repente, um pouco de ódio.
Mas como fugir dessa estranha e distante presença ?
Tenho que implorar...
Onde está minha imagem, ó espelho ?
O que fazer com o sonho que ora é desespero ?
O que fazer ?
Isso é persistência, impaciência ?
Meu erro.
Desespero.
Próprio meu.
Quisera que espelho fosse reflexão, paixão.
Quem sabe, perdão !
Ser invisível não é tão fácil, ó espelho,
E S P E D A Ç A.