SONHO E NÉVOA

Aqui por estas paragens permaneço entre vocês.

Hoje não posso impedir que este poema nasça

das mais distantes e quase incompreensíveis

aragens do Irreconhecível.

Sim, por detrás de toda a quietude deste nosso mundo

há um murmúrio constante de vida

para além da Névoa Fragílima,

que faz com que eu veja, bem mais longe.

Oh, é preciso captar essas emanações

com respingos dourados

e dizer que, pelas estradas deste nosso Planeta Terra,

caminharei igual aos meus semelhantes.

Buscarei respostas no Amanhã.

Entenderei o que é possível entender.

Respirarei dias e noites olhando o Céu e as Estrelas

sempre nos mesmos lugares,

parados infinitamente no Tempo e no Espaço.

Alcançarei a tão sonhada madureza do espírito

e compreenderei o que se pode compreender.

Atingirei talvez a velhice

vendo e sentindo as transformações que a Vida operará

no meu ser juvenil.

O fragor das tormentas assolaram

e assolarão o meu viver

como vento devastador.

Esta é uma profética certeza

que vislumbro do Longínquo Futuro que enfrentarei!...

E eu, poeta, vejo com nitidez profunda

o que vocês ainda não estão vendo.

E um dia, quando for noite em meus olhos,

no momento em que a minha alma

deixar o meu ser corpóreo,

passarão pela tela cósmica de minha mente

o que conheci, o que vivi, o que amei,

a soma de minha tarefa e o balancete geral,

que possibilitarão a minha passagem e o meu despertar

num outro Plano da Vida.

Não poderei nesse dia deter as minhas asas de borboleta

que chorou e encontrou um meio

de adoçar as próprias lágrimas!

Por que tantas travessias e tantos atalhos

para poder dizer a vocês, que o Amanhã Distante

fará vocês sonharem e deslizarem

pelas Estâncias do Etéreo?!...

Então, olharão para o chão, para as poeiras

e lamas de nossa Terra...

E ao mesmo tempo olharão as Estrelas

e depois olharão uns para os outros

compreendendo que a Vida passa fugidia,

intensa e quase que irreal

nos nossos olhos cobertos de Sonho e Névoa!

Nessa época, a palavra felicidade

encerrará todas as verdades.

Sendo possível ser-se feliz

com o que se pode ver, sentir e entender.

Mas eu, poeta, que tenho os pensamentos suspensos

e implantados nas Correntes do Espaço,

não posso reter a minha extravagante linguagem sidérea

e nem desviar a criação plena,

que exige de mim laivos geniais

musicando com palavras floridas

os poemas que são concebidos

na luminosidade da Fonte Áurea.

Aninha Caligiuri
Enviado por Aninha Caligiuri em 18/01/2006
Código do texto: T100665