Enquanto Deliro
de noite enquanto deliro
decifro sobre o papel
impressões não minhas
e sorvo o licor das vinhas
prometo ser este o último copo
e me afogo nas saudades
e o fogo de tenra idade
se esvaiu,
do poço onde caí
não vejo seu fundo
assim como do copo também
pra rimar apenas vou além
procuro razão no mundo
_viver é insulto para quem apenas sobrevive.
e se sou livre
para ir e vir e voltar a ser aquilo que nunca fui
vou sendo a compreensão daqueles que me criam a sua própria maneira
copo vazio, página cheia
a arte desvenda mistérios não letárgicos
faço acordos, enumero as folhas
observo na estante quantas rolhas
as possibilidades são várias
com voracidade a celulose é atingida e tingida pela caneta
uma gota ao canto da boca
revela que a rima chegará ao seu fim
ou que a garrafa agora seca
não se presta nem de adorno na estante
e ao verso faço bandono
pois o meu instante é prelúdio do sono
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