Enquanto Deliro

de noite enquanto deliro

decifro sobre o papel

impressões não minhas

e sorvo o licor das vinhas

prometo ser este o último copo

e me afogo nas saudades

e o fogo de tenra idade

se esvaiu,

do poço onde caí

não vejo seu fundo

assim como do copo também

pra rimar apenas vou além

procuro razão no mundo

_viver é insulto para quem apenas sobrevive.

e se sou livre

para ir e vir e voltar a ser aquilo que nunca fui

vou sendo a compreensão daqueles que me criam a sua própria maneira

copo vazio, página cheia

a arte desvenda mistérios não letárgicos

faço acordos, enumero as folhas

observo na estante quantas rolhas

as possibilidades são várias

com voracidade a celulose é atingida e tingida pela caneta

uma gota ao canto da boca

revela que a rima chegará ao seu fim

ou que a garrafa agora seca

não se presta nem de adorno na estante

e ao verso faço bandono

pois o meu instante é prelúdio do sono

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Poeta Fernandes
Enviado por Poeta Fernandes em 28/05/2008
Reeditado em 28/05/2008
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